sábado, 24 de novembro de 2012

O dia das conversações corajosas

 
 

 
Em meu processo de amadurecimento cada vez fica mais claro que para mim a ordem do dia é ter conversações corajosas. O que são conversações corajosas? Todas aquelas conversações que precisamos ter conosco mesmo ou com os outros e que vamos adiando por uma série de razões.
Razões internas e externas ( estas e muitas outras sempre fundamentadas nos nossos medos): medo de nos machucarmos ao enxergarmos a verdade  que pode doer, medo de perdermos a a autoimagem que demorou tanto tempo para ser construída, medo de perdermos a imagem que o outro tem de nós (duplo engano),  medo da reação do outro à nossa conversação corajosa, medo de perdermos amigos, de perdermos relacionamentos e assim por diante. Às vezes até medo do medo de não sabermos como falar com o outro.
No entanto, no dia-a-dia tenho descoberto dois caminhos que funcionam muito bem para mim. Ser verdadeiro na expressão de meu sentir e ser amoroso ao ter conversações corajosas comigo mesmo e com o outro.
Ser verdadeiro não significa ser o dono da verdade, mas estar bem consciente de que em determinada situação aquilo traduz uma realidade na qual eu vivo ou o outro vive. Se quero afirmar  a “minha” verdade  perante o outro inevitavelmente estarei negando a verdade  do “outro” e isto por si só gerará conflito.
Nas conversações corajosas quando ambos somos verdadeiros e amorosos surge a possibilidade de juntos resolvermos a situação criando uma terceira “verdade” (possibilidade) comum.
Mas há que se ter a coragem de “ter a conversação corajosa”.  O famoso ditado “conhecei a verdade e ela vos libertará” faz todo o sentido ao desmancharmos crenças ilusórias que nos limitam ou limitam ao outro e nos impedem de avançar, mudar ou crescer.
Sermos verdadeiros é uma benção que nos liberta. No entanto, sermos verdadeiros ao ter conversações corajosas geralmente coloca-nos (quando a conversa é conosco) ou ao outro na defensiva.  A descoberta que fiz e que tenho praticado é a de ser verdadeiro com amorosidade.
Recordo-me de um trecho de “O livro tibetano do morrer e do viver” de Sogyal Rinpoche, que desde 1999 me marcou profundamente com relação à amorosidade: “Como disse Stephen Levine: Quando seu medo toca a dor de alguém, torna-se piedade; quando seu amor toca a dor de alguém,  torna-se compaixão.”
Sutil mas muito verdadeiro, não?  A compaixão nos iguala na condição humana. Não somos nem superiores e nem inferiores e se a intenção de nosso coração é a de efetivamente nos ajudarmos ou ajudarmos ao outro a conversação corajosa acontecerá.
Pronto para ter suas conversações corajosas?